sexta-feira, 3 de maio de 2013

Onaldo Queiroga - Gravetos De Sonhos



um conto - uma crônica

Sabemos que gravetos são fiapos de lenha que o homem, desde o início de sua existência, vem utilizando para gerar o fogo. Como diz a mente infantil, são pauzinhos que dão vida ao fogo, e, sem eles, o fogo se apaga e a vida desaparece.

Salta aos olhos, pois, a importância das pequenas coisas em nossas vidas, pois é com sua união que elas se tornam ainda mais importantes e necessárias à existência da humanidade. Os gravetos agrupados criam um fogo mais consistente, que nos serve para a satisfação de inúmeras tarefas do dia a dia. Gravetos e fogo são indispensáveis para o nosso viver. Aliás, gravetos são como sonhos, verdadeiros combustíveis a impulsionar a carruagem da vida.

Em seu livro "Gravetos de Sonhos", minha tia/avó, Carmelita Setúbal, mostra-nos que apesar das dificuldades e obstáculos que enfrentou na sua trajetória de vida, foram os gravetos de seus sonhos que a fizeram desafiar as intempéries e, com perseverança, vencê-las. Em versos, Carmelita, exclama: "Juntei gravetos  de sonhos /Parecidos com miragens/Com etéreas visagens/Para encontrá-los/Para enfeixá-los em minhas mãos,/ andei errante/Fui distante...muito distante/Torturando em vão/ o esperançoso,/o amoroso coração/ Uns gravetos são azuis/e lembram o céu/Outros, cinzentos/como o véu que cobre o dia/na hora silenciosa da agonia/Tantos vermelhos/como escaravelhos../Os róseos...os róseos são minoria./Esse gravetos/escuros, tristonhos, pretos,/servem-me hoje de amuletos/Guardo-os comigo/a alma tonta/os olhos tristes,doloridos/gravetos de sonhos coloridos".

Muitas vezes fico a imaginar quantos gravetos de sonhos guardamos e conservamos no nosso âmago, por pequenos que sejam, são eles, os gravetos, separados ou agrupados que, com suas chamas, nos permitem prosseguir num roteiro de luz na busca da felicidade.

O fogo dos gravetos dos nossos sonhos, num paralelo, talvez seja como o fogo que há muito alimentava o sobrevoo dos lendários dragões pela região dos Montes Tauros, Lago Tuz, Rio Eufrates e Mar Negro, fogo que hoje se rende e que conduz os balões coloridos da mesma Capadócia, que permite ao seus passageiros contemplação das velhas terras dos cavalos de raça ou belos cavalos, terras dos Hititas, das singulares belezas naturais.

Já dos meus gravetos emerge o fogo que conduz a chama de uma luz, luz que ilumina um caminho que sonho ser de esperança, solidariedade, compreensão, paz e muito amor.

Onaldo Queiroga é juiz de Direito.

Publicada no jornal Correio da Paraíba
Caderno Opinião
22/12/2012

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