Na Apae, o foco da cinoterapia é diminuir e até acabar com a agressividade das crianças e adolescentes autistas ou com outra síndrome cujo acometido tem problemas de socialização. As mudanças comportamentais dos usuários são observadas pela equipe multidisciplinar, que conta com fonoaudiólogo, assistente social e psicóloga.
" A terapia só tem sucesso e as mudanças são visíveis. O cachorro consegue conquistar a confiança da criança. Mesmo quando ela bate, ele não revida. Esse relacionamento com o cão melhora, inclusive, a aceitação da criança aos outros tratamentos. Em uma sala fechada, ela não vai aceitar a abordagem, mas ao ar livre com um cachorro, ela vai dar essa abertura", explicou Paula Mota, psicóloga da Apae.
Segundo Paula, a associação tem um projeto para ampliar a cinoterapia para o grupo de idosos com foco na melhoria da autoestima e afetividade. "Para pessoas psicóticas, com depressão e dificuldade de locomoção, a terapia também é ótica. O cachorro deixa as pessoas mais felizes", afirmou.
Entre um passeio e um carinho nos cachorros, a fonoaudióloga Patrícia Carla aproveita para trabalhar a comunicação das crianças. Mesmo sem se expressar com palavras, o contato com o cachorro desencadeia uma série de emoções que são comunicadas pelas expressões faciais e corporais. "O Lucas (com dificuldades de locomoção e da fala), por exemplo, não precisa contar o que está sentindo, porque estamos vendo claramente o que ele está passando.A cinoterapia estimula a criança a ter vontade de se comunicar, que é muito difícil principalmente para o autista", explanou.
Patrícia Carla informou que existem muitas pesquisas científicas que comprovam os benefícios da terapia com animais e que a equipe da Apae vê na prática os resultados. Ela citou o exemplo de Thiago, 21 anos, que antes da terapia costumava agredir todo mundo e hoje está mais calmo. O pai de Thiago, Paulo Xavier, contou que o jovem já fez equoterapia (terapia com cavalos) e seu comportamento vem mudando também na forma de tratar os animais. "Ele puxava os gatos e cachorros pelo rabo. Hoje ele não faz mais isso, ele aprendeu a respeitar os animais", comentou.
A terapia com cães começou em 2006 como projeto de extensão da Universidade Federal da Paraíba e há três anos é feita em parceria com a Polícia Militar, que leva cachorros de várias raças - border colie, labrador e até pit bull, este último nunca mais foi levado porque os pais, por desconhecimento, temem a raça.
Para o cabo Edmilson Santana e o soldado Almir Queiroz, a terapia não é apenas para os usuários da Apae, mas também para eles. "É muito gratificante e tira o nosso estresse do dia a dia", comentou cabo Edmilson.
Amanda Carvalho
Publicado no jornal Correio da Paraíba
Edição 16/06/2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário