Estevam Fernandes - mensagem de fé
Muitas são as crises que assolam nosso cotidiano; de alguma forma, a palavra "crise" se incorporou a nossa rotina de vida, como parte integrante da nossa existência. Crise econômica, conjugal, familiar, afetiva, social, moral etc. Na verdade, vamos nos acostumando com elas e nos tornando insensíveis aos seus efeitos danosos.
No espectro de tantas crises, há uma que me parece, vai se agravando cada dia mais: a crise da solidariedade. Ela é o reflexo inevitável de uma sociedade estruturada sobre fundamentos nocivos a convivência humana. O individualismo exacerbado, o egoísmo doentio, a hipocrisia social, a inversão de valores - onde Deus, as pessoas e os sentimentos foram substituídos pelo materialismo, pelas "coisas" e os interesses econômicos. A insensibilidade é o fio condutor das ações que norteiam o cotidiano das pessoas.
Na verdade, estamos desaprendendo a dar as mãos, como também, a estendê-las. Estamos vivendo com o coração e o corpo atados, com os olhos vendados, imobilizados pelo gesso frio da nossa insensibilidade, pelo egoísmo, e indiferença. Viver sem ser solidário é sinônimo de não viver, andar com as mãos em uma tipóia, para não ter que estendê-las, aos outros, é negar a nossa dignidade, nossa fé, nossa humanidade; a vida é, sobretudo, um ato de amor, e este amor é manifesto em atitudes e gestos solidários.
A Bíblia afirma:"a fé sem obras é morta", nos alertando que religiosidade e espiritualidade não são, necessariamente, a mesma coisa. Uma pessoa pode ser religiosa, por força de uma tradição ou muitos outros motivos, sem ser espiritual... Espiritualidade é o reflexo, imediato, da presença de Deus em nós, e esta presença se reflete quando revelamos amor, respeito e sensibilidade, em relação aos outros. O amor a Deus, e ao próximo, se constituem na essência da verdadeira religião.
Religião sem amor gera fanatismo; a espiritualidade sem amor transforma-se em mero misticismo ou vã contemplação interior. A verdadeira espiritualidade revela, também, o que está para além de nós e de nossas necessidades, como por exemplo: a dor, a fome, a tristeza, a solidão, e muito outros males que transformam em agonia a vida humana.
A crise da solidariedade tem destruído famílias e relacionamentos. Ela é o reflexo de nossa própria crise existencial, vítimas de uma cultura que nos transformou em seres autônomos, insensíveis e egocêntricos. Cada um luta por si, sem se importar muito com a dimensão social e fraterna da vida. É a devoção a um deus do tamanho de nós mesmos; segundo nossas próprias conveniências.
Veja agora mesmo se perto de você existe alguém carente de ajuda; quem sabe, dentro de sua própria casa, e comece a ser solidário. Levante os olhos, veja a vida através da ótica do amor, estenda as mãos e faça alguma coisa. Isto é agir com as mãos de Deus, pois Deus sempre está com as mãos estendidas, inclusive, para você.
Estevam Fernandes é pastor de 1ª Igreja Batista
Publicada no jornal Correio da Paraíba
Opinião
21/06/2013
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