quinta-feira, 8 de maio de 2014

Germano Romero - Vendo O Sol Se Despedir


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um conto-uma crônica


Penso que de todos os espetáculos da Natureza, a aurora transmite, junto com o nascer da lua, e dentre as mensagens explícitas e implícitas nas paisagens e fenômenos da Criação Divina, uma das mais significativas lições. Não somente de estética, mas da "vã" filosofia.

Ora, ora, vejam só que lá venho eu de novo por aqui poetizar. Mas, é quase impossível ver o Sol no mar sorrir, ou atrás desses coqueiros, sem parar para pensar.

São tantas as visões que ele imprime pelos céus. Seja aqui ou muito longe, como aquela que nós vimos, de repente sem esperar, na descida para Honfleur, quando a tarde  se fez noite e com ela o luar. Esta foi inesquecível,mas de outras tão bonitas será jamais possível deixar de lembar.

São cenas infinitas, na beleza e na virtude que nos têm a ensinar, e aos que isso querem ver. Pois Jesus já nos dizia que a pior deficiência é daqueles cujos olhos não mais querem enxergar que no rastro dessas nuvens, desfilando lá por cima, há mensagens tão profundas, mas que passam de repente como a tarde que se vai. Nem sequer percebem as cores com as quais o Sol se despe, tão diversas como aquelas que há na curva do arco-íris.

E são muitos os lugares onde o dia segue a luz, pra nascer do outro lado pelas trilhas da aurora. Muitas vezes sobre o mar, tantas outras sobre os montes, ora foge pelos campos, pela relva e manguezal, ora desce por detrás do mais lindo coqueiral. Nesta tarde foi assim, não dourado como ontem, mas em prata, de propósito, para que, enfileirados, os coqueiros desta praia se mostrassem ao longe numa dança memorável.

Os coqueiros que no vento traçam tantas nostalgia... Seus acenos são de vida, de alegria e movimentos, mas por trás do por do Sol é como se daqui também estivessem dando adeus.

E o que não é esta vida senão feita de adeus? Toda hora ou minuto estão sempre a dizer que o tempo é fugaz. Não se prende, não se pega, mesmo assim é possível ser feliz pela lembrança que nem ele é capaz de levar ou apagar.

É por isso que devemos ser atentos à beleza que nos passa e tantas vezes esquecemos de olhar. Mas olhar com muito amor, para tudo e para todos. Só assim você verá quando o dia, tarde ou noite não fizerem diferença, que a paz de consciência será sua companhia, e de tudo o que aprendeu vendo o Sol se despedir...

Germano Romero é arquiteto e bacharel em Música.

Publicada no jornal Correio da Paraíba
Edição de 20/05/2013
Opinião. 

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