Ícaro Allande
Em suas pesquisas de mestrado e doutorado, a professora Márcia Di Lorenzo, identificou os fatores de risco que constroem o perfil do idoso mais vulnerável a algum tipo de violência
O primeiro deles é o fator de gênero. 41% das mulheres entrevistadas sofreram alguma violência, enquanto homens apenas 13,5%. Isso acontece como uma extensão dos abusos sofridos pelas mulheres desde a infância. Pois não é com a chegada da velhice que isso vai mudar", explicou Di Lorenzo.
A baixa escolaridade é outro fator importante. Sem estudos, o idoso fica ainda mais refém de um possível golpista, seja da família ou alguém de fora dela. "Quanto menos se tem conhecimento do que está ao redor mais fica-se submetido ao que o outro pensa. E o outro se vale disso claramente: é um papel que se assina sem saber o que é; é alguém que lhe engana no caixa eletrônico, por exemplo", disse a especialista em Gerontologia.
Outras circunstâncias como sustentar uma casa e não ter um companheiro estável também são fatores relevantes que aumentam a possibilidade de violência". "Já a questão socioeconômica não faz muita diferença. A violência atinge idoso ricos e pobres. Ter dinheiro é o que é o problema,muito ou pouco não importa. O parente-agressor vai se aproveitar como puder", afirma a professora da UFPB.
Existe também uma forte relação entre os fatores de risco e o quadro de depressão. "26,7% dos idosos que entrevistei e estavam dentro do perfil mais vulnerável à violência apresentavam sintomas depressivos", informou Di Lorenzo. Na literatura médica encontram-se também vários registros que revelam uma forte associação entre doenças cognitivas (como Alzheimer e Parkinson) com esses fatores de risco. Mas não se sabe o que causa o quê. Se é a violência que causa a doença ou a doença que deixa as pessoas mais indefesas.
Autonomia contra a violência
Para Di Lorenzo, as pessoas precisam se preparar para continuarem autônomas durante a velhice. Esse é o melhor remédio contra a violência a que se está exposto. Preparar-se tanto do ponto de vista da saúde física e mental como também do ponto de vista do conhecimento. É perigoso não acompanhar a evolução da sociedade, não saber, por exemplo, usar um caixa eletrônico ou a internet", alertou.
Mas em caso de violência, os idosos podem procurar o Ministério Público, que atende mais crimes financeiros; Delegacia do Idoso, que trata mais de violência física ou assalto, ou mesmo comunicar a um agente comunitário de saúde. Esses últimos, apesar de não estarem, em sua maioria, devidamente preparados, tem o dever de atender esses tipos de caso.
Márcia Di Lorenzo.
Doutora em Gerontologia e professora da UFPB
Texto: Ícaro Allande
Publicado no jornal Contraponto
Edição de 18 a 24 de abril de 2016
Entrevista ao Jornal Contraponto
Márcia Di Lorenzo.
Doutora em Gerontologia e professora da UFPB
Texto: Ícaro Allande
Publicado no jornal Contraponto
Edição de 18 a 24 de abril de 2016
Entrevista ao Jornal Contraponto
Nenhum comentário:
Postar um comentário