sábado, 23 de abril de 2016

Principal Agressor Do Idoso É Parente Próximo Com Quem Divide O Lar


Ícaro Allande

Márcia Di Lorenzo, doutora em Gerontologia e professora da UFPB,  em entrevista ao jornal Contraponto, diz que a violência contra a pessoa idosa ocorre principalmente na casa em que vive.

A população mundial envelheceu consideravelmente nas últimas quatros décadas. Menos pessoas estão nascendo enquanto a expectativa de vida vem crescendo. Isso graças as melhorias nas condições de sobrevivência que ocorreram em boa parte dos países do mundo, como o Brasil. Em 50 anos, a participação dos idosos na população brasileira mais que dobrou e a Paraíba seguiu a mesma tendência.

Hoje, estima-se que existam em João Pessoa mais de 75 mil pessoas acima dos 60 anos. Esse aumento da população idosa tem evidenciado sua fragilidade. Depois das crianças, os idosos têm se caracterizados por serem o elo mais fraco da sociedade. A velhice, como a infância, tem sido vítima de várias formas de abuso e violência, perpetuados, principalmente, por familiares próximos, a quem o idoso abriga em seu lar.

"Pode ser um cônjuge, uma filha, um neto, uma sobrinha. Geralmente, alguém que está dentro de casa, que mora com a pessoa idosa. O que torna mais difícil a identificação do problema. Porque muitas vezes o idoso depende dessa pessoa e não está disposto a falar contra ela ou é ameaçado. A violência ocorre com mais frequência em casas de espaço físico pequeno e onde moram várias gerações", contou a  doutora.

Violência psicológica é o tipo mais comum de abuso




"A violência mais frequente aos idosos é a psicológica, pois é por onde todas começam. O agressor inicia pelo desrespeito verbal: "essa velha burra não sabe mais de nada". Depois, além de xingar, começa a empurrar.

E daqui a pouco está "administrando" o dinheiro do idoso e fazendo ele assinar procurações: "se a senhora não fizer o que a gente está mandando, domingo a senhora não vai pra missa". O desrespeito, então, só vai ganhando espaço, relatou a especialista Márcia Di Lorenzo, doutora em Gerontologia e professora da UFPB, em entrevista ao Jornal Contraponto.   

Além da violência particular, há também a violência institucional que é aquela que é sofrida pela ausência do poder público. Pode ser um assalto, uma fila demorada no banco ou num hospital, um motorista de ônibus que é desrespeitoso.


"A sociedade brasileira envelheceu, mas não se preparou do ponto de vista estrutural. Quantas cidades, por exemplo, tem um hospital específico para idosos? Quase nenhuma!", expôs a professora da UFPB. 

Márcia Di Lorenzo.
Doutora em Gerontologia e professora da UFPB

Texto: Ícaro Allande

Publicado no jornal Contraponto
Edição de 18 a 24 de abril de 2016

Entrevista ao Jornal Contraponto

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