sábado, 23 de abril de 2016

Pe. Bosco - Como Anda A Turma Da Terceira Idade?


Andei visitando pessoas idosas e doentes. As famílias vão se virando como podem. Em casas muito humildes e simples, as condições são precárias: habitação, higiene etc.

É possível encontrar pessoas com mais de 80 e até mais de 100 anos. Melhorou, sem sombra de dúvida, a qualidade de vida do nosso povo, mesmo assim, o país não está preparado para atender a demanda da pessoa idosa que vai se tornando maioria da população.

Encontrei uma senhora que disse: "padre, estou viva porque rezo muito". Outra que disse: "padre não posso fazer nada de trabalho, meu tempo é para a oração". De fato, pesquisas  já foram apresentadas a respeito do papel da fé e da oração na vida das pessoas idosas e doentes. A comprovação indica que vivem muito melhor do que os que não rezam e não acreditam em Deus.

É possível encontrar, nesses ambientes familiares, com pessoas idosas, pessoas que dedicam a vida em tempo integral para cuidar dessas pessoas que se tornam inteiramente dependentes. Conheço uma que, doente, também cuida do pai que amputou uma perna. Ela não pode se ausentar. Até o trabalho de animação da comunidade ficou prejudicado, uma vez que a preferência deve ser a atenção para com o pai.

A vida é sempre uma dádiva de Deus. Ninguém pediu ou pagou para nascer, crescer, enxergar, ouvir, caminhar, falar. Uns terminam sua caminhada muito cedo e, outros, passam longos anos e, às vezes, doentes. Temos que ser muito gratos a Deus que sem mérito nenhum de nossa parte nos concedeu o dom da vida. Tudo é dom.

Quando os idosos reclamam que não podem mais levar uma vida normal, que não trabalham mais, eu respondo: "já trabalhou muito". Confirmam que sim. São pessoas que, em tempos muito difíceis, deram suas vidas e criaram dez, doze, quinze filhos.
Quem está com a missão de cuidar de uma pessoa idosa em casa está com uma nobre e grande missão, que, naturalmente, requer muita paciência, mas se trata de um grande gesto de caridade. O cuidado com as crianças, na prática, é o mesmo cuidado que se deve ter para com a pessoa idosa. Quando se trata dos pais, esse cuidado passa a ser um imenso geste de gratidão, uma vez que devemos a nossa vida, em primeiro lugar, a Deus e, em seguida, a nossos pais que nos criaram, mesmo que não sejam pais biológicos. Ninguém se sinta ofendido por ter sido adotado na família, pois Deus também nos adotou a todos/as.

Fazer pelos nossos pais idosos é reconhecer e recompensar por tudo aquilo que nos fizeram como protetores nossos e da nossa frágil vida.

Dentre esses idosos muito já perderam a mobilidade e, sobretudo, a audição e a visão. Já não possuem sequer a capacidade de se comunicarem com o mundo e com os seus.

Como diz o rabi Yaacov: "O ancião merece respeito não pelos cabelos brancos ou pela idade, mas pelas tarefas e empenhos, trabalhos e suores do caminho já percorridos na vida".

Nunca se deve desrespeitar e humilhar uma pessoa idosa por causa de seus limites físicos. Um dia essa pessoa já foi como você e, um dia você poderá ser como ela está.

Precisamos fazer o melhor que podemos para proporcionar alegria e paz aos nossos idosos. No Antigo Testamento ter muitos anos sempre foi sinal da bênção de Deus e, certamente, ainda será diante da frágil vida que temos.

Pe. Bosco 
Coordenador Estadual da Pastoral Carcerária

Publicado no jornal Contraponto
Edição de 18 a 24 de abril de 2016
A-7 Opinião

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