quinta-feira, 13 de julho de 2017

Onaldo Queiroga - Velho Vaqueiro

A evolução tecnológica vem ano a ano transformando tradições e aniquilando, perigosamente, culturas de nosso povo. Uma realidade que cada vez mais se apresenta nos dias atuais do Nordeste brasileiro, e, que dificilmente o tempo conseguirá detê-la.

Por exemplo, o vaqueiro, esse homem que trabalha com o boi, vive diuturnamente em função dele, que usa roupa do puro couro do boi, para resistir aos espinhos da caatinga, uma verdadeira couraça, armadura denominado de gibão, constitui um símbolo em extinção. Se no ontem, montado em seu cavalo, o vaqueiro se embrenhava no mato nas pegas de boi corria solto driblando os garranchos ressequidos em busca de recuperar as reses perdidas, quase sempre ariscas, hoje lhe sobrou o banco de uma motocicleta, pois é guiando uma moto que ele tange o gado.

Luiz Gonzaga numa entrevista desabafou, falando sobre o vaqueiro: "O vaqueiro caiu muito. Antigamente o vaqueiro andava em cavalo gordo, participava do lucro da fazenda. De quatro bezerros, um era do vaqueiro e, mesmo que ele não criasse, mas negociava com o patrão. Hoje ele não usa nem burro, ele anda de pé dando uma de tangerino ou mesmo montado em jegue. É o mais pobre dos nordestinos..."

A modernidade vem fulminando esse elemento humano que embrionariamente sempre foi semeado no sertão nordestino. São poucos os que ainda resistem. Para homenageá-lo, Gonzaga, gravou a música A Morte do Vaqueiro e criou a Missa do Vaqueiro, celebrada desde o terceiro domingo de 1971, em Serrita-Pe. E hoje, o que fazer? Devemos lutar para manter vivio esse símbolo , como também o nosso São João!

Onaldo Queiroga
Juiz de Direito

Publicada no jornal Correio da Paraíba
Edição de 01 de julho de 2017
Opinião

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