Nos anos de 1960, lá pras bandas do sertão paraibano viveu um homem conhecido como Ciço, pessoa humilde, mas que praticava peripécias inusitadas, que ganhavam notoriedade que até hoje são lembradas em Pombal.
Contam que Ciço numa manhã ensolarada adentrou sorrateiramente no quintal da casa do Promotor de Justiça, furtando um peru gordo e vistoso. No período da tarde, segurando o peru, ele bateu na porta da frente da residência do Promotor. Foi recebido pelo próprio Promotor; Ciço, então, perguntou: Dr. Veja que peru bonito. O senhor não quer comprar esse peru para me ajudar? O Promotor que já tinha denunciado Ciço pela prática de alguns pequenos furtos, ficou, de início, com a orelha em pé. Mas sensibilizado, então, resolveu ajudar Ciço, comprando o aludido peru. Ao levar o peru para dentro de casa, sua esposa logo reconheceu aquela ave e disso: Você comprou o seu próprio peru, pois essa ave foi a que desapareceu pela manhã do nosso quintal. Digo isso, porque a conheço pela marca vermelha no pé esquerdo.
Outra vez lá estava Ciço a perambular pela feira livre de Pombal. Chegando na frente do estabelecimento de seu Pio Caetano, ficou a observar o movimento intenso da bodega. Percebeu que um saco de arroz que estava no chão para venda a granel, secava rápido diante das vendas. No entra e sai, Ciço pegou na boca do saco de arroz e olhando para o cansado Pio Caetano, indagou: Seu Pio, me compra esse resto de arroz? Pio respondeu: Ciço, de quem você furtou esse arroz? Ciço, sorrindo disse: De ninguém seu Pio. Foi Balu que me deu para me ajudar. Pio retrucou: Tá comprado, tome o dinheiro e leve esse arroz para você comer. As histórias cresciam. Absolvido de quase todos os pequenos furtos.
Onaldo Queiroga - Juiz
Publicado no jornal Correio da Paraíba
Edição de 28 de outubro de 2017
Opinião A6
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