quinta-feira, 28 de abril de 2011

Onélia Queiroga -Fatos Avulsos


um conto0-uma crônica

Conversar com amigos é deveras salutar, principalmente, se a idade e a experiência são maiores que a nossa. Dessas prosas despretensiosas, às vezes, tomamos conhecimento de fatos interessantíssimos, alguns engraçados até. Para não guardá-los com exclusividade, relatamo-los aqui. O primeiro que me foi contado flui das lembranças de quem viveu à época da emergência, embasado neste diálogo entre os amigos, Pedro e Alarico:

Pedro: - Alarico, este feijão presta?

Alarico: - Presta, sim. È mesmo que ovos.

Pedro: - Então, dê-me um saco.

Dois dias após a compra, Pedro aparece com saco nas costas e, de cara fechada, arreia-o aos pés de Alarico, dizendo: - Você não disse que o feijão prestava, que era como ovos? A mulher gastou uma acha de lenha, um pote d'água e quanto mais cozinhava, mais duro o feijão ficava.

- E é mesmo. Ovo quanto mais cozinha, mais duro fica, respondeu Alarico.

O segundo envolve o comportamento sui generis da sogra do Sr. Zezinho. Mulher cheia de manias, ao tomar café, com medo de adoecer, tomava duas providências: impedir que alguém passasse perto dela, para evitar vento, forte causador de dano, na sua concepção; colocar a mão sobre a boca. Essas procupações foram inúteis ao ser acometida de fatal AVC.

O terceiro relacionava-se à assiduidade funcional do Sr. Cleóbulo. Um dia, decidido a chegar à repartição bem mais cedo, veste a melhor roupa, causando admiração à esposa, que lhe pergunta:

- Para onde vais?

- Trabalhar, responde.

- Como? Mas, se estás aposentado...

- Ah! Meu Deus! Esqueci-me.

O último dos fatos apontava o Sr. Fulgêncio como homem de espírito desligado, provando o narrador o dito com o episódio seguinte. Tradicional em tudo, até no modelo da cueca, a personagem em foco vestia só a samba-canção. Estranhando aquela de novo modelo,indaga à mulher:

- Que cueca diferente é esta? Nem braguilha tem!

- Ao examiná-lo, cuidadosamente, a mulher sorrindo-lhe,afirma: - Também pudera, você vestiu minha calça íntima, ao invés da sua samba-canção!

Quebrava-se, assim, a rotina dos amigos.

Onélia Setúbal Rocha de Queiroga.

Escritora e Professora de Ciências Jurídicas
da Faculdade de Direito da UFPB.
Colunista do Caderno 2, página Cultura,
do jornal “ Correio da Paraíba”.

Histórias Orbícolas.
Páginas 55, 56 e 57.

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