Cantinho da paz
Sônia Novais
Desperto tocada por um raio de sol que teima em invadir a escuridão da minha alma. Milagrosamente atingiu o meu coração - apesar das armaduras construídas ao longo desses anos e do desalento desses dias. Dias de inverno, de tsunami, de caos e destruição.
Todas as manhãs, por abrir a janela com o sol alto, não conseguia identificá-lo. Nem as cores que trazia para a penumbra. Reluzentes partículas que brilhavam ao vento eram confundidas com poeira, pelo meu olhar desatento. Alheia, seguia minha rotina.
Um novo dia... Lá estava ele, amorosamente, por entre as frestas da janela... suave, terno, acolhedor. Naquele dia o raio de sol, estava diferente, trazia no semblante as marcas da dor. Senti minha, a sua angústia... Mesmo, em meio a tanto deserto e solidão. Segurei sua mão, beijei-lhe o rosto e uma sensação percorreu meu corpo, aquecendo o coração. Dúvidas, incertezas, medo! Espreguicei a vida e a dormência produzida pelo passado. O meu olhar se transformou em cristal, espelhando o segredo. E no momento em que os seres humanos revelam suas facetas tristes e desleais, o SOL mandava um mensageiro de que a vida voltava a brilhar no profundo do meu ser, restaurando a coragem perdida.
Era tão jovem, apenas um raio de sol, mas em seu bailado revelava a força do novo despertar. Abri os olhos. Havia tomado corpo; era forte e sereno, tranquilo e assustador como o mar.
Na sua aparente fragilidade, o astro rei, agora sem disfarces, mostrava que anunciava a própria luz e a chegada da primavera... Sinto o milagre do amor, da vida, das infinitas possibilidades do ser humano. Atiro-me em direção ao espaço em asas que brota da liberdade... Agora livre, sigo "borboleteando" entre as cores que o arco-íris reluz.
Sônia Novais
Brigida Brito
Médica e terapeuta de regressão
Publicada no jornal Correio da Paraíba
Espaço do Ser
30/07/2013
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