O jovem rapaz, há mais de três meses, seguia o mesmo itinerário. Nada o demovia desse intento tão prazeroso, pleno de fantasia novelesca que o levava a assim se comportar.
Estava na flor da idade, com apenas dez anos. E, aos poucos, os sonhos amorosos passaram a dominá-lo, por inteiro. O forte motivo fora a causa de sua mudança interior, levando-o até a pensar em próximas núpcias.
O horário do passeio era o de sempre. Coincidia, quase, com o das cores agônicas do cair da tarde, tempo em que o vento já soprava uma agradável brisa. Fenômeno bom, contudo, incapaz de controlar as aceleradas batidas do coração do jovem, quando se aproximava da mágica Casa Amarela.
O jovem esbelto, consigo mesmo, assim invocava ao Senhor: - "Ah! Meu Deus! Preciso ver de novo, a linda normalista, com aquele olhar fixo na minha pessoa, penetrante, como a dizer-me mensagem idílica.
Olhava-a, frente a frente, quando passava bem juntinho de sua janela. Era um forte sentimento, a dois, silencioso, mas tão profundo! Vez por outra, voltava a cabeça para a janela. Lá, ela, ainda permanecia a fitá-lo. Esse mesmo ritual foi cumprido durante muito tempo, com amor verdadeiro que, até hoje perdura, em fase platônica, com saudades.
A lembrança dessa cena entranha-se, agora, na mento do sonhador, sob a forma de página de ouro, a ser guardada como a primeira vitória sentimental de um moço eternamente guapo, na juventude, que se enamorou de uma linda mulher, debruçada em emoldurada janela de casario antigo.
Onélia Queiroga
Escritora e Professora de Ciências Jurídicas da Faculdade de Direito da UFPB
Escritora e Professora de Ciências Jurídicas da Faculdade de Direito da UFPB
Publicada no jornal Correio da Paraíba
Edição de 25/10/2015
Aos Domingos
Caderno 2 C 3
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