quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Onélia Queiroga - Carnaval

um conto-uma crônica

É a melhor festa tradicional do mundo. Agrada o corpo e a alma Basta a orquestra tocar, o espírito anima-se, incorpora o ritmo e transmite toda a sua carga energética aos passistas.

O folião nato não resiste ao frevo e ao samba, principalmente, quando a escolha recai em frevo como: "Vassourinha", de "Felinto, Pedro Salgado, Guilherme e Penelon, cadê seus blocos famosos"? E, ainda mais, em "Voltei Recife", "Foi a saudade que me trouxe pelo braço/Quero ver, novamente, vassoura na rua passando, tomar umas e outras e cair no passo".

Vale lembrar os famosos Sambas: "Na cadência do samba" /Sei que vou morrer, não sei o dia/Levarei saudades da Maria", de Ataulfo Alves e Paulo Gesta; o "Saudosa Maloca",/Maloca querida, dimdim/Donde nós passemos os dias felizes de nossas vidas", de Adoniran Barbosa.

Essas lembranças chegaram à minha mente, para arrastar-me até a Sede Operária de Pombal, quando jovem,era, e, pelo braço do meu querido cunhado, Avelino Elias de Queiroga, saíamos do Clube para o carnaval dos seus amigos e seguidores. Na Sede, a orquestra nos recebia com música. Os foliões construíram a grande roda. O frevo explodiu. E eu, no meio, marcava o passo para os eleitores do meu cunhado. Abaixava-me e levantava-me, de inopino. Ao tocar o piso, cruzava os pés, num emaranhado de passos e trejeitos de braços, pés e mãos, em incrível cena coreográfica. Agora, em hipnose, atravesso as barreiras da eternidade da minha inesquecível irmã, Oneide, e peço-lhe, que juntas, cantemos o nosso hino de foliãs: "Saca rolha": "As águas vão rolar/Garrafa cheia eu não quero ver sobrar/Eu passo a mão na saca-saca, saca-rolha/ E bebo até me afogar".

Onélia Queiroga
Escritora e Professora de Ciências Jurídicas da Faculdade de Direito da UFPB

Publicada no jornal Correio da Paraíba
Edição de 7 de fevereiro de 2016
Aos Domingos
Caderno 2 

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