segunda-feira, 21 de março de 2016

Carlos Romero - Chuva E Sol, Choro E Sorriso

 
um conto - uma crônica

Quando vai mudando a estação, a Natureza chora, vem a chuva. Mas, depois do choro, chega o sol, e sol é sorriso, porque sorriso é luz no rosto. Sorrir faz bem à saúde, ilumina o ambiente. Depois das dores da maternidade, a mãe esquece todo o sofrimento quando vê o filhinho sorrindo. E o sorriso também está presente na Natureza, quando as flores abrem as suas pétalas para alegrar a vida.

Mas, a vida anda muito apressada, prosaica, maquinal e você passa por um jardim e nem olha para ele. Você está cego para as belezas gratuitas da Natureza. Olhar para um jardim dá saúde. Olhar criança brincando é a mesma coisa. 

Jesus deu um grande exemplo de amor às crianças e às flores. Convidou-nos a olhar os lírios. E desse olhar veio a lição para não viver se preocupando com negócios, com política, com o futuro, porque tudo depende de viver bem o aqui-e-agora.

Estamos em época de sol e chuva, choro e sorriso, trovões e relâmpagos, alvoradas e crepúsculos, e tudo isso faz parte do viver. O pessimismo não leva a nada. Se o sol, os pássaros, as flores, as estrelas, as crianças e o mar fossem pessimistas...ah, isso seria horrível!

E quando chove e faz sol ao mesmo tempo? Aí são as lágrimas que se misturam aos sorrisos. É como quando uma pessoa diz: "fiquei tão feliz, que chorei". Pois, nem sempre as lágrimas são de dores.

Choveu agora pela manhã. Mas o sol foi chegando de mansinho, com o seu sorriso de luz, como a me dizer: "Vai, cronista, deixa este computador e vem ver as borboletas salteando em torno das flores de seu jardim. Não seja como o homem prosaico que prossegue olhando sem ver, pensando sem refletir, comendo sem mastigar, correndo sem chegar, pois sua vida é um suplício de Sísifo (trabalho interminável).

Carlos Romero. Membro da Academia Paraibana de Letras.

Publicada no jornal Correio da Paraíba
Edição de 20 de março de 2016


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