sexta-feira, 17 de junho de 2016

Carlos Romero - O Maior Presente


um conto-uma crônica

Tenho pena de quem pensa que as plantas não riem, de quem não lhes ouve o verde e salutar sorriso. Vi-as pelo vidro da janela, abraçadas, numa ciranda de alegria pela chuva que caía.

Cai chuva!...molha essa terra seca com sede de vida! Enche os açudes, os riachos. Enche as poças, que os sapos e lagartixas querem te beber. Quem não te quer é porque não te merece.E quando chegar o São João, apaga suas criminosas fogueiras, que esfumaçam o céu, escondem as estrelas e queimam a madeira que nos dá o oxigênio.

Vai... lava tudo, limpa a poeira, corre e escorre pelos regos desse mundo que sem ti não vive!... Enche e transborda córregos, rios e riachos. Lava a alma desse planeta que, por vezes, se suja até de sangue. Aproveita, e lava também a nossa alma. Para que nos sintamos revigorados, reformados e atentos a mensagem divina que a Mãe Natureza nos transmite todos os dias, da alvorada ao crepúsculo.

Pensando bem, essas chuvas são um presente especial de Deus. O Grande Pai, o maior de todos, aquele que alguns pensam que tem barbas de nuvens brancas, mas que na verdade não se parece com forma alguma. Não se parece porque se confunde com o Universo, com a Criação, pois, pra falar a verdade só se começa a entender Deus quando se consegue vê-lo como Criador e Criatura, começo e fim, preto e branco, Ying e Yang, triste e alegre.

Mas, são tantos os presentes que Deus nos deu... De nada podemos reclamar. Tudo nos foi provido. Temos flores que nos sorriem na terra, e ondas que nos sorriem no mar. Temos o vento que acaricia e o sol que nos devolve as cores, que dormem nas noites de paz. Ah, paz... É só o que nos falta. Que maravilha seria que o Grande Pai nos surpreendesse com o maior presente que o mundo poderia ganhar - A paz!

Carlos Romero
Membro da Academia Paraibana de Letras,.

Publicado no jornal Correio da Paraíba
Edição de 05 de junho de 2016
Opinião

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