Nunca vi o rock, o sertanejo e o axé se apresentar na Avenida Sapucaí, quando do carnaval no Rio de Janeiro. De outro lado, quem vai a Portugal quer ouvir um fado, já quem vai para Argentina, quer ouvir um tango. Quem vem ao Nordeste brasileiro, principalmente, no período junino, quer ouvir forró, baião, xote e xaxado. Quer ouvir o ronco do fole, acompanhado do zabumba e do triângulo.
É inaceitável a presença de cantores do axé, do sertanejo, do plástico e de outros ritmos nos festejos juninos. Nada contra esses cantores, mas é necessário preservar a cultura de um povo chamado Nordeste. Existem outras festas, como por exemplo, a de comemoração da emancipação do município, o Natal, o Ano Novo, onde essas atrações podem ser encaixadas.
Agora, de quem é a culpa de tudo isso? Primeiro, das autoridades públicas gestoras, que usam o dinheiro público destinado à cultura para fazer esse desmonte da tradição de um povo. Segundo, os próprios artistas, que não se unem para, de forma organizadas, enfrentar esse aspecto beligerante que aniquila uma festa tão bela e tradicional, e, ao mesmo tempo, exigir a correção dessa conduta. Por fim, a culpa também é do povo, que a tudo assiste e pacificamente aceita.
É preciso respeito à cultura de raiz de um povo. Uma gente sem cultura é um povo sem digital. A cultura tem que prevalecer sobre o comercial. Viva o Forró!!!
Onaldo Queiroga - Juiz de Direito
Publicada no jornal Correio da Paraíba
Edição de 29 de abril de 2017
Opinião
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